Noivos realizam casamento dentro do Presídio Estadual de Alegrete
Publicação:

Alegrete (RS) - O sonho de dizer “sim” realizado, mas, ao invés de ser dito dentro da igreja, foi proferido dentro do cárcere. Realizar o sonho do casamento foi o que a Defensoria Pública de Alegrete proporcionou a três casais, que trocaram alianças no Presídio Estadual de Alegrete (Peal), na quarta-feira, 29 de maio. O Defensor Público Rafael Pinheiro Machado, que contou com o apoio do Defensor Público Rodrigo Gomes Pinho, afirma que a viabilização dos casamentos, por meio da interlocução com órgãos públicos, vai ao encontro da campanha nacional dos Defensores Públicos, com a ideia de garantir a cidadania e dignidade ao apenado. “Além disso, o momento festivo tem a ideia de humanizar o ambiente do cárcere”, destaca Pinheiro Machado.
Os casamentos foram realizados no interior do Presídio Estadual de Alegrete (Peal), entre dois casais de apenados, e um apenado com uma pessoa em liberdade. A cerimônia rápida, em sala decorada, teve os funcionários do estabelecimento prisional como testemunhas da troca de alianças. Os noivos também tiveram o direito ao corte das primeiras fatias das tortas, doadas por um supermercado do município. “O clima festivo foi capaz de amenizar, mesmo que momentaneamente, as mazelas decorrentes do aprisionamento nas péssimas condições do estabelecimento prisional. O fundamental foi a gratidão dos apenados, que se mostravam realizados pela conquista. Acredito que todos sentiram-se acolhidos e respeitados enquanto cidadãos”, argumenta Machado.
O Defensor Público conta que uma das noivas procurou por diversas vezes a Defensoria Pública, demonstrando o desejo da união. “Ela garantiu que se sentiu muito respeitada e acolhida. Houve, inicialmente, um pouco de resistência de minha parte, pois o casamento é um requisito estabelecido pela Administração do Peal, em algumas situações, para as visitas íntimas”, declara o Defensor. “No entanto, é evidente que os apenados não podem ser obrigados a se casar para manter qualquer tipo de relacionamento. Assim, alguns optaram por assinar contratos de união estável”, lembra Pinheiro Machado. “Minha resistência perdeu força quando percebi que os apenados tinham interesse efetivo no casamento. Enfim, se inicialmente parecia uma imposição descabida, percebi que havia inequívoco desejo dos envolvidos.”
A inciativa contou com o apoio da Administração e Funcionários do Peal, do Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais e Especiais da Comarca de Alegrete, do 1º Tabelionato da Comarca de Alegrete e dos Supermercados Peruzzo.