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“Isso possibilitou um recomeço na minha história”: mulher vítima de violência é a primeira contratada através de projeto da DPE

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O projeto busca auxiliar mulheres vítimas de violência a retornarem ao mercado de trabalho
O projeto busca auxiliar mulheres vítimas de violência a retornarem ao mercado de trabalho - Foto: Freepik
Por Francielle Caetano - ASCOM DPE/RS

Panambi (RS) – O primeiro contrato de trabalho firmado a partir da parceria feita entre Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE/RS) e empresas de Panambi foi assinado no início deste mês. A mulher, que foi encaminhada pelo Centro de Referência da Mulher (CRM) por ser vítima de violência doméstica, participou da entrevista e foi contratada pela Cotripal, grande cooperativa agropecuária que atua na região Noroeste do Estado.

O projeto, que busca auxiliar mulheres vítimas de violência a retornarem ao mercado de trabalho, surgiu a partir da atuação da defensora pública de Panambi, Jaciara Barasuol Ritter, que procurou diversas empresas para auxiliarem nessa ação. Além do encaminhamento para vagas, há também a oferta de cursos de formação profissionalizante, aulas de educação financeira e orientação jurídica (essa encabeçada pela Defensoria Pública). O termo de cooperação foi assinado em dezembro passado e é o primeiro convênio nesses moldes de atuação.

De acordo com J.*, a busca ao CRM aconteceu durante o processo de divórcio do relacionamento que durava mais de dez anos. Ao procurar orientação, descobriu que estava em situação de violência psicológica. Ela conta que durante muitos anos trabalhou na indústria, porém, nos últimos cinco anos, acabou se dedicando apenas às atividades do lar. “Não ter um emprego formal, com renda fixa, impossibilitava que eu saísse desse lugar violento. Através do projeto, eu fui selecionada pra fazer uma entrevista e fui contratada. Isso possibilitou um recomeço na minha história”, relata.

A fala dela aponta a mesma situação na qual muitas mulheres se encontram: permanecem no relacionamento por não terem renda, o que gera uma dependência ao agressor, que por sua vez vai dificultando ainda mais o término da relação. Ao conseguir sair desse ambiente de abuso, J. comemora a oportunidade: “estar num lugar de violência me deixou fragilizada, me sentia incapaz, frustrada e sem sonhos. Ter a possibilidade de voltar a trabalhar me tirou desse lugar. Celebro todos os dias o meu recomeço”.

A defensora pública Jaciara afirma que essa contratação traz um sentimento de missão cumprida, acreditando que muitas outras mulheres também serão ajudadas pelo projeto. “O nosso trabalho é de formiguinha, então se uma mulher conseguir emprego já valeu todo o esforço. Qualquer vitória dentro desse tema tão sensível que é a violência doméstica já é muito! Uma mulher conseguir dar um passo desses e ter uma chance de recomeço através do emprego faz com que o sentimento seja de realização.”

Jaciara agora vai atuar na segunda etapa do projeto: a entrega de um prédio anexo – junto ao CRM – para que as mulheres vítimas de violência possam ser acolhidas. O projeto de engenharia e arquitetura está pronto e agora inicia a busca de parceiros para a sua construção.

*A mulher vítima de violência pediu para não ter o nome identificado.

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