“Quanto mais desorganizado o sistema carcerário, mais as facções vão ter poder. Precisamos diminuir o encarceramento”, afirma...
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Porto Alegre (RS) - Segurança Pública e aumento da violência foram temas debatidos na reabertura dos trabalhos do Comitê Permanente de Segurança Metropolitano, na Câmara Municipal de Porto Alegre, evento que a Defensora Pública Dirigente dos Núcleos de Defesa Criminal (NUDECRIM) e de Execução Penal (NUDEP), Barbara Lenzi, palestrou, no dia 29 de março.
Barbara, que participa de comitês de segurança pública municipais e estaduais, afirmou que a discussão sobre o tema é essencial para se pensar em soluções alternativas para o problema. A Cadeia Pública (ex-Presídio Central) de Porto Alegre foi citada pela Defensora Pública como um elemento catalisador de violência. “Porto Alegre é o centro do furacão. E por isso a importância do Comitê. A crise na segurança pública está intimamente ligada à Cadeia Pública, ao problema carcerário. Precisamos de soluções imediatas”, disse. Barbara afirmou que, como Defensora Pública, precisa relatar suas experiências e falar sobre uma mudança de paradigmas. “A crise da segurança pública não pode ser solucionada com maior punição. Eu sei que é difícil escutar isso, mas sabemos que, quanto mais enchermos o Presídio, mais criamos violência nas ruas”, avaliou. A Defensora contextualizou sua fala e deu exemplos. “Se colocarmos um sujeito sem antecedentes criminais no Central, como exemplo um pequeno traficante, que, para manter o vício, vende drogas, este indivíduo sairá do presídio pior, porque deverá favores às facções. Um rapaz que fica preso 15 dias, ao sair, precisará roubar para pagar aquilo que deve dentro do presídio. Por isso o aumento do crime, dos assassinatos, dos latrocínios. Quanto mais desorganizado o sistema carcerário, mais as facções vão ter poder”, analisou.
Barbara informou que o Rio Grande do Sul prendeu 7 mil pessoas em 18 meses. “Isso não melhorou a questão da segurança. Pelo contrário, estamos cada vez piores. Eu também sou cidadã e vejo que não dá mais para aguentar a situação em que vivemos. Vamos tentar fazer algo diferente. Os Estados Unidos diminuiu o encarceramento e deu certo. Também podemos fazer isso”, falou. Por fim, Barbara acredita que somente a educação vai mudar a situação a longo prazo. “Com certeza, na criança e no adolescente vamos conseguir reduzir o problema da segurança. A Defensoria Pública é parceira para ter uma outra alternativa para resolver esse problema”, finalizou.
Texto: Nicole Carvalho/AscomDPERS
Defensoria Pública do RS
Assessoria de Comunicação Social