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Após 2 dias de Júri, defensora Tatiana Boeira consegue absolver réu acusado pela morte do ex-secretário da Saúde de POA

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Defensora Tatiana Kosby Boeira atuou no caso que resultou na absolvição do réu
Defensora Tatiana Kosby Boeira atuou no caso que resultou na absolvição do réu - Foto: Felipe Daroit - Ascom DPE/RS
Por Felipe Daroit - Ascom DPE/RS

Porto Alegre (RS) - Após dois dias de Tribunal do Júri, em Porto Alegre, a defensora pública Tatiana Kosby Boeira conseguiu absolver o réu Jonatas Gomes, que era acusado de participação na morte do ex-secretário da saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos.

Jonatas é irmão de Eliseu Pompeu Gomes, já condenado pelo crime. Ele havia trabalho 35 dias na empresa Reação, em uma obra, e foi acusado pelo Ministério Público de envolvimento na morte, sendo a pessoa que indicou Eliseu Gomes para executar o homicídio. Em seu depoimento, ele disse que nunca foi muito próximo do irmão e negou ter prestado ajuda a ele. Além disso, na época do crime, Jonatas cumpria pena pelo roubo de uma moto.

— Eu estava preso no semiaberto do Instituto Penal de Viamão. Provavelmente, logo depois que aconteceu isso, minha esposa disse que o meu irmão estava machucado em casa. Eu liguei para ver como ele estava. E ele não me falou nada. Fiquei sabendo pela televisão o que estava acontecendo. Foi uma coincidência que acabou com a minha vida. Eu ter trabalhado na Reação e o meu irmão ter participação no crime.

Entre diversas outras teses do MP, a defensora conseguiu demonstrar aos jurados que o número que ele teria ligado para Eliseu era do tio deles. O telefone pertence ao tio dos irmãos até hoje e que Jonatas não fazia contatos com o irmão. Foram reproduzidos aos jurados dezenas de vídeos de amigos, conhecidos e clientes de Jonatas, que após ser posto em liberdade, atua como vendedor de roupas.

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“Estou muito feliz. Depois de mais de 30 horas de trabalho, consegui demonstrar aos jurados que o Jonatas não teve participação nesse evento. A despeito da discussão se foi latrocínio ou homicídio, ele era acusado de ser o elo entre os supostos matadores e executores. Foi um processo difícil, volumoso, de horas de estudo e é uma imensa felicidade ver o resultado do trabalho. Vou embora com a consciência tranquila, com o coração leve de ter conseguido convencer os jurados da não participação do Jonatas”, disse Tatiana Boeira.

A sentença começou a ser lida às 1h50min pelo juiz Thomas Vinícius Schons, do 1º Juizado da 1ª Vara do Júri da Capital.

O outro réu julgado, Marcelo Machado Pio, foi condenado a 36 anos, 8 meses e 15 dias de prisão. Marcelo Pio foi acusado de ser o mandante do assassinato e não terá o direito de recorrer em liberdade. Ele era gerente da empresa Reação, responsável pela segurança de postos de saúde, quando o contrato foi rescindido com a secretaria. Conforme o Ministério Público, Marcelo era sócio da empresa. Pio foi condenado por homicídio qualificado, receptação, adulteração do sinal identificador, fraude processual e bando armado.

No total, 13 pessoas foram denunciadas – uma já faleceu. O próximo júri está marcado para 12 de dezembro.

O CASO

Então secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos foi assassinado em fevereiro de 2010, no bairro Floresta. O crime ocorreu quando ele saía de um culto religioso acompanhado da esposa, Denise, e da filha, então com sete anos. Eliseu Santos portava uma pistola e chegou a ferir um dos criminosos, mas, atingido por dois tiros, morreu instantes depois.

A motivação do crime gerou divergência entre Polícia Civil e Ministério Público. A polícia concluiu que o crime se tratava de um latrocínio. No entanto, o MP entendeu que o ex-secretário fora vítima de um complô para matá-lo.

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