Metodologia de trabalho da Oficina de Filhos dentro das Oficinas de Parentalidade encerrou a capacitação do Nudefam
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Porto Alegre (RS) – A metodologia de trabalho da Oficina de Filhos dentro das Oficinas de Parentalidade com interesse na resolução de conflitos via técnicas autocompositivas e consensuais encerrou a Capacitação de Facilitadores da Oficina de Parentalidade e Divórcio promovida pelo Núcleo de Defesa do Direito das Famílias (Nudefam) da Defensoria Pública, no dia 18 de agosto, na Escola da Ajuris, em Porto Alegre. A palestra foi ministrada pelas Psicólogas do Poder Judiciário do Estado de São Paulo, Cristina Palason Moreira Cotrim e Fabiana Cristina Aidar da Silva.
Compartilhando a experiência da Oficina de Filhos, coordenada pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da cidade paulista de São Vicente, as painelistas explicaram que as crianças passam por perícia e avaliação, feitas por Psicólogas e Assistentes Sociais, devido virem muito machucadas pela violência dos divórcios dos pais. “Há de ter atenção especial não só pelas crianças terem dificuldades de compreensão dos fatos, fantasiarem situações, sentirem raiva do par parental que as deixou, mas também pelo tempo de quatro horas de duração da atividade”.
Conforme elas, durante as oficinas são trabalhadas estratégias para superação do momento difícil ao qual estão submetidas às crianças, com ênfase na estimulação destas expressarem seus sentimentos num espaço de acolhida e de escuta, sem intervenções e tampouco questionamentos. “Em atividades lúdicas apresentamos os novos elementos familiares e conceitos que objetivam explicar a transformação da família e não o seu término”.
Divisão
Divididas em dois grupos, de 6 a 11 anos (criança) e de 12 a 17 anos (adolescente), a primeira oficina parte da interação em grupo num círculo tencionando uma coesão coletiva, ocasião cujo instrutor estabelece um contrato de segredo e regras de participação coletiva. “Com a instituição do bastão da fala, mecanismo de quem pode e quando falar, são realizadas leitura de livros e gibis pelos quais são transmitidas histórias similares as dos participantes, além de implementadas outras ações lúdicas com a utilização de giz de cera e lápis de cor empregados em desenhos produzidos pelas crianças”.
Segundo Cristina, posteriormente acontece a “Página dos Sentimentos”, exercício com figuras ilustrativas com rostos pelos quais as crianças optam por qual deles mais lhe representam e é criada uma “lista do bem”, na qual os filhos escolhem pessoas, locais e atividades que as fazem bem. “Após, passamos a tarefa com sucatas, na qual as crianças produzem objetos e brinquedos com materiais reciclados e jogam jogos cooperativos voltados ao despertar da solidariedade, ao pensamento crítico e à capacidade de entender a perspectiva do outro”.
Fabiana Cristina Aidar da Silva, por sua vez, explicou o funcionamento da segunda oficina, desde o compartilhamento de respostas típicas dos adolescentes acerca da separação dos pais, sentimentos e doenças que os mesmos apresentam ao chegarem nas oficinas como depressão, crise de identidade, ansiedade diante da incerteza do futuro, dilemas de lealdade, sentimentos de culpa, preocupação com dinheiro, mudanças no papel da família e distanciamento dos pais, dentre outros.
De acordo com ela, de início é realizada a apresentação do grupo com o instrutor explicando a dinâmica a ser utilizada, seguido do repasse de informações sobre o divórcio e as possibilidades do porque da ocorrência do fato, tal como ressaltada a distinção de que os adolescentes não são culpados pelo divórcio e sequer devem unir os pais novamente. “Estimulamo-los a manifestarem os sentimentos em relação à separação, com os devidos fundamentos sobre estes e auxiliamos a criarem estratégias de conversação mais harmônicas com os pais, empoderando-os a serem agentes de transformação e a crescerem como seres humanos”.
Além disso, fazemos exercícios de se colocar no lugar dos pais e trabalhados com músicas reflexivas a fim de evidenciar a necessidade da não reprodução daquilo que sofreram, justificou Fabiana. “Também exibimos depoimentos de jovens que sofreram ou sofrem com a separação dos pais, repassamos dicas de como eles podem perceber se estão sendo manipulados pelo par parental e trabalhamos respostas e perguntas relativas a sentimentos sobre a família e familiares”.
Ao fim, descreveu Fabiana, são tratadas questões relacionadas às guardas unilateral e compartilhada, ao direito da convivência familiar, além de realizadas complementações de palavras cruzadas com os adolescentes emitindo opiniões adquiridas e formalizadas durante à oficina tanto sobre a família quanto sobre os pais.
Relato
Durante a capacitação as servidoras da Defensoria Pública Juliana Silva Braga e Rute Antunes de Mello dividiram informações a respeito do funcionamento do Centro de Referência em Mediação de Conflitos da Defensoria, com destaque para as formas de acolhimento e de agendamento e como se dá a seleção de assistidos para participar das Oficinas de Parentalidade. “Construímos diariamente modos de abordagem e encaminhamentos, porém tanto a receptividade como as reações do público participante têm sido muito positivas”, destacaram.
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Texto: Vinicius Flores/AscomDPERS
Defensoria Pública do RS
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